quarta-feira, 20 de agosto de 2008

No meio da Floresta


Não, ela não se perdeu!
Apenas não está pronta para voltar!
Deixem-na, ela sabe muito bem para onde está indo.



Como saber se estamos certos? Quando podemos dizer com certeza que tomamos as melhores decisões?

Ah, se eu soubesse...

Um coração partido não se recupera com durepox®, como já tinha dito, mas também não se joga fora esperando que possamos viver sem sentir mais nada. Isso não é possível, por mais que a idéia de não querermos nos machucarmos (ou machucar aos outros) seja prática. Não podemos, faz parte da nossa natureza.

Existe em algum lugar dentro de nós uma criança, que guarda com ela nossos maiores medos e sonhos, mas ela não sabe como controlar essas duas coisas, então ora ou outra nos vemos confusos em meio a sonhos e medos misturados de tal forma que temos medo de sonhar e sonhamos com nossos medos.

Meus medos me paralizam, me fazem recuar e até mesmo atacar.
Depende muito da situação e da minha disposição para lidar com meus medos.
Da mesma forma meus sonhos também podem ter os mesmos efeitos de reação.
As vezes não estamos prontos para lidar com os medos, mas as vezes não estamos prontos para lidar com os nossos sonhos.
Eles chegam assim, sem mais nem menos, se realizam e tornam´-se algo perto da perfeição idealizada.

Como é possível?
É bom de mais para ser verdade!
Deve ter algo de errado?!?!
São frases comum quando não estamos prontos para enfrentarmos nossos sonhos e idealizações.
Isso pode ser tão ou mais complicado do que não enfrentar nossos medos.
Porque, na verdade estamos praticando o pior dos medos, o medo de ser feliz.
E por mais que achemos que estamos errados em temer ser feliz, nós nos mergulhamos em dúvidas e incertezas, ficamos inseguros e as vezes nos fazemos mal.

A todos aqueles que precisam "Enfrentar seus sonhos", busquem isso sem culpa.
Procurem a criança que há dentro de cada um.
Sorriam mais, lembrem-se daquilo que faziam o começo do seu dia mais especial quando crianças.
Mas não se percam nos vossos medos.



quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Insólito






Nuvens de algodão, passarinhos em coral, árvores dançantes...

Aprendi que ser uma pessoa boa e honesta não é escolha, mas uma auto-afirmação diária.

Ainda faço esse mesmo caminho, não porquê é o mais prático, mas porquê é o mais belo.

Vejo as árvores dançando, com a ajuda dos ventos, vejo as nuvens se desfazerem, como o algodão doce se desfaz no céu da nossa boca, vejo os passarinhos em coral, com muitas músicas improvisadas, porém mais belas que qualquer sinfonia ensaiada.


Vejo as crianças a brincar, com elas mesmas ou com os outros, falam das mágicas do mundo com todo o conhecimento, afinal, elas ainda não foram encorajadas a desacreditar na magia.


Enfim, me vejo, andando e admirando o mundo.
Ainda acredito que ele não está perdido.
Temos muito ainda por fazer.
Não podemos nos render, não podemos nos subestimar.
Ainda não fui vencido, e enquanto puder levantar, lutarei!!!


E quando não tiver mais força para levantar e resistir, quando meus ossos doerem, meu espírito estiver alquebrado, minh'alma arrebatada ao chão e já não conseguir mais lembrar quem eu sou, digo a todos, nesse momento minha batalha estará apenas começando.












Água

"Uma noite longa, pra uma vida curta..."

A noite é fria, mas eu estou pingando de suór. Me reviro na cama, sem conseguir relaxar.

Água, é isso!!! Preciso de água, meu corpo precisa eliminar tudo isso através do suór.

Frio, tá muito frio!!! costumo andar em casa a noite descalço e com as luzes apagadas, por isso não fiz questão de procurar os chinelos. Mas o chão estava gelado.

Fui em busca de meu "elixir da vida", tomara que me ajude.

Tomei dois copos, e voltei pro quarto.

Agora me preparo para o resto da noite...

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

O show


O Guardião estava há muito ocupado.


Cada vez mais seus préstimos eram requisitados. Cada vez mais era bem quisto entre as pessoas.


Já não descansava mais, mas também não reclamava disso, até gostava.


Sua fama estava se espalhando, era quase uma celebridade.


Até que um dia fora convidado para um desses programas de entrevistas, com um apresentador metido a engraçadão.


Já tinha recusado outras propostas de se expor em público devido ao conteúdo dos programas, mas achou que esse convite valeria a pena.


Então, combinou com o produtor do programa tudo para a sua participação.


No dia combinado foi até a emissora, onde foi maqueado, e preparado para as câmeras, foi instruido sobre o linguajar e os gestos. Depois do processo de tentativa de automatação do guardião, os assistentes de palco sairam e pediram para ele esperar na cochia.


Começou o programa, o apresentador acenou para a banda parar o jingle de abertura, começou a contar umas piadas e por fim anunciou o seu convidado.


- Senhoras e senhores, O Guardião dos Sonhos!!!


E ele entrou no palco, meio tímido, trajando uma vestimenta muito parecida com a dos ninjas, panos básicos e escuros, botas , uma espécie de capuz, mas que não estava sobre sua cabeça, luvas e uma faixa azul em seu abdome.


Carregava também um baú, como se fosse uma mochila, com as alças de corda nos ombros.


Sentou-se no sofá ao lado da mesa do apresentador, colocou o baú no chão e cumprimentou o apresentador.


- Antes de mais nada, obrigado por ter vindo! - Agradeceu o apresentador - Mas que baú é esse? - Perguntou o mesmo em seguida.


- Ah, sim, é o baú dos sonhos!- Disse o guardião. - Com ele eu posso trazer o sonho de qualquer pessoa a realidade.


E, demonstrando tal habilidade, abriu o baú e retirou uma taça de sorvete, que o apresentador reconheceu imediatamente como a taça de sorvete que na infância seu pai o levava para tomar em uma sorveteria no centro da cidade onde cresceu.


A conversa começou a ficar animada, os dois eram ótimos piadistas e com um senso de humor e criatividade incríveis. Falavam sobre política, religião, esporte, música, enfim, todos os assuntos que surgiam na cabeça.


Até que o apresentador fez a pergunta que deixará o guardião totalmente sem reação.


- Mas escuta, o seu coração já tem dona???



Feita essa pergunta, tudo parou, as risadas, os gestos, os olhares.

O guardião ficou atônico e atônito. Muita coisa passava em sua cabeça agora, era um turbilhão de emoções que despontavam para o irremediável.


Ele parou, ficou sério, e as lágrimas começaram a rolar de seus olhos, sem que ao menos força ele fizesse para que elas saíssem. Elas simplesmente jorravam, como um rio que não pede licensa para seguir o seu caminho.


Enquanto isso, em casa, as pessoas olharam estuperfatas aquelas imagens, um homem que conseguia alegrar a tantos, que tinha um sorriso tão cativante quanto modesto. Parou, ficou sério e suas lágrimas eram como verdadeiras pedras atiradas contra as pessoas, cada lágrima que caia dos olhos dele, doia tanto nos que assistiram a cena, que logo um mal estar tornou-se presente.



O apresentador, vendo o resultado negativo de sua pergunta, tentou reverter a situação


Perguntou se ele desejava terminar a entrevista alí mesmo, naquele instante.


O guardião se recompos, abriu o baú e tirou uma cavalo de madeira e entregou a um jovem da platéia e disse:


- Sei que o seu quebrou quando ainda era uma criança, mas tome este e dê para o seu filho.