quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Nuvens

Noticías:

http://ovp-sp.org/exec_desaparecidos_maio06_paulo.htm

http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2006/05/353903.shtml






Não é uma história real, mas relata como as muitas vítimas inocentes dessa fatídica semana se sentiram.


Cidade Ademar, São Paulo 11 de maio de 2006.
Amaral é um homem de pele parda(preto não né seu moço), 28 anos, marido ,pai de 3 filhos e encontra-se desempregado.
Está desempregado já faz 1 ano e 8 meses, vive de bicos, mas sabe que precisa de um emprego melhor para sustentar sua família.
Mas parece que o sufoco vai acabar. Joeilson, seu amigo de bairro, trabalha em uma empresa de segurança. Por isso Joeilson sempre sabe das oportunidades de emprego que envolvam seu ramo, que é o de segurança, vigilância, portaria e zelador de imóveis.
Acontece que Joeilson ficou sabendo de uma vaga para zelador de um prédio na zona norte de São Paulo. Na verdade o Sindico do prédio é o chefe de Joeilson. O chefe perguntou a Joeilson se conhecia alguém de respeito e confiança que, de preferência casado, pudesse trabalhar como zelador do prédio.
Joeilson prontamente indicou o nome de Amaral e disse ao seu chefe, Senhor Macedo, que iria conversar com Amaral naquela mesma noite.
E foi exatamente o que ele fez, ao chegar em seu bairro, nem passou em casa, foi correndo avisar o amigo.
Ao dar as boas novas para Amaral, logo a casa toda ficou mais alegre, Ana Maria, esposa de Amaral, ficou satisfeita com a notícia, já havia aceso uma centena de velas para santo expedito.
Mas ficara feliz também ao saber que o síndico, Senhor Macedo, precisava também de uma empregada diarista para fazer faxina, já que a mulher trabalhava fora, e os filhos deixavam o apartamento uma bagunça.
Passada a euforia, Joeilson deu os detalhes do contato que seria feito no dia seguinte. Informou que o chefe dele iria contratar Amaral imediatamente, mas que a entrevista era uma formalidade imposta pelo empregador.
Dados todos os recados e conselhos para o dia seguinte, Joeilson saiu, pois ainda não tinha passado em casa e em Cidade Ademar, quando se demora muito pra chegar em casa, ou é por que aconteceu algo, ou é porque foi ao bar beber. Só que a mulher de Joeilson Odeia Bar e sabe que ele a respeita, logo, ela devia estar preocupada.
Amaral e Ana Maria ficaram muito entusiasmados coma notícia, afinal, agora os dois trabalhariam e não passariam mais sufoco. Joeilson disse a eles que no prédio tem um aposento para o zelador que até parece casa de luxo, com 2 quartos, sala, cozinha, banheiro, telefone e tv a cabo.
Amaral ainda morava de favor na casa de um cunhado e sentia muita vergonha de não poder dar um lar para sua família. Achou a proposta interessante, pois sabia que se fosse dedicado no serviço, não seria mandado embora fácil e poderia fazer um pé-de-meia para o futuro.
Cidade Ademar, São Paulo 12 de maio de 2006.
No dia seguinte ele levantou as 04h00 da manhã, pois a viagem era longa até o destino final, e precisava chegar na hora, não podia dar má impressão logo no primeiro contato com o novo chefe. Pegou 2 ônibus mais um metrô para chegar até o bairro. Chegando no metrô pediu informações sobre a rua onde ficaria o seu futuro emprego e descobriu ser próxima a estação, um alívio, pois não precisaria pagar outra condução, já que o dinheiro estava contado pra volta.

Chegou 25 minutos antes do previsto, tocou a campainha, e se identificou ao porteiro do prédio e o mesmo de-lhe instruções para aguardar na sede do condomínio, ao lado do salão de jogos.

Enquanto aguardava ficou admirando o local. Sabia que aquilo era lugar de gente "chique" e que facilmente se acostumaria com a possibilidade de morar ali. Senhor Macedo Chegou às 9h00 como tinha combinado e elogio a pontualidade de Amaral.

Começa a entrevista e o Senhor Macedo pergunta para amaral qual sua história, quantos anos, escolaridade, número de filhos, pretensões salariais, gosto musical. De repente a conversa fica tão descontraída que eles comentam sobre futebol e mulheres.

Por volta das 10h30 termina a entrevista e Senhor Macedo convida Amaral para comer uma pizza na padaria:

- Num vai dar sr. Macedo, to meio sem trocado no momento! - Diz meio encabulado Amaral, por só ter o dinheiro de voltar pra casa, embora a fome já o esteja fazendo ter tonturas.

- Rapaz, deixa de ser bobo! Eu estou convidando, é por minha Conta! E olha, vou ficar muito decepcionado caso recuse. - Diz sr. Macedo com um sorriso que demonstrava simpátia por amaral.

Foram à padaria do bairro. Senhor Macedo comprou 1 pizza inteira, um refrigerante de 1,5 l (seria duas cervejas, mas Amaral insistiu que não beberia em serviço e Sr. Macedo mais uma vez riu, porém aceitou) e ainda dois cafezinhos para tomar enquanto "proseavam".

Encerraram a prosa já era em torno de 13h45, havia ainda as acomodações e as tarefas para serem mostradas a Amaral.

Amaral conheceu sua futura casa, um pequeno apartamento no térreo que ficava atrás do salão de jogos, e seus deveres, que consistia na limpeza do salão, da saúna, da piscina, e das quadras, além de pequenos e eventuais reparos na fachada, calçamento e iluminação do condomínio.

Terminaram a vistoria geral por cerca de 15h30 e Amaral foi dispensado para ir para casa, iria começar na segunda mesmo, e teria que se mudar o mais breve possível com a família. Exceto de fim de semana, já que todos os condôminos estavam lá e não queriam ser incomodados com a mudança.

Às 16h00, pega o metro e vai até o Jabaquara, viagem longa, 45 minutos, mas que ônibus triplicaria o tempo. Descendo no Jabaquara ainda teria mais duas conduções para pegar, mas não entende o que se passa nessa cidade maluca, todos os ônibus lotados, as pessoas correndo, gritando ao celular, muita gente dizendo que ouviu tiro, que bomba explodiu, que avião caiu.

Depois de mais de duas horas esperando, constatou que seu ônibus não viria e que a cidade estava sendo atacada pelo PCC. Resolveu então ir andando para casa, aproximadamente 20 quilômetros a pé.

A caminhada era longa, mas ele não estava sozinho, muitos moradores da zona sul tomaram a mesma decisão de ir a pé para casa. E lá se foi uma multidão de pessoas apavoradas, cansadas, preocupadas com o que estava acontecendo.

E, a cada momento, essa multidão ficava menor, Amaral continuava sua caminhada, mas muitos já tinham chegado nos seus bairros, até que por fim, por volta das 20h35 e ainda faltando 7 km pra chegar em casa, Amaral se viu sozinho nas ruas desertas.

Ele precisava chegar logo em casa para contar as boas novas a esposa. Mas também pra se sentir protegido. Aquilo tudo estava um caos, jamais ele tinha visto a cidade de São Paulo parar desse jeito, nem em final de copa do mundo.

São 22h15 e ele está a poucos quarteirões de casa, já em Cidade Ademar. Percebe que o clima do seu bairro não é diferente do que viu no resto da cidade. Portas trancadas, luzes apagadas, nenhuma voz se ouvia, nem de pessoa nem de rádio. Sem crianças brincando nas ruas, sem jovens namorando ou dançando, sem bares cheios de bêbados farreando, enfim, aquilo era muito insólito.

Enquanto pensava em tudo o que estava presenciando, dois jovens vieram em sua direção correndo e gritando: - Óia us Homiii!!! - e saíram correndo. Amaral que tinha mais medo de polícia do que de bandido, tentou pular um muro para se esconder, porém a viatura já havia encurralado Amaral naquele beco.

- Que que cê tá fazendo aí vagabundooooo! - Pergunta o Policial-1 com a arma apontada para Amaral.

- Seu policial, num sô vagabundo não, sou trabalhador, to voltando a pé do serviço.

- Trabalhador? Com essa cara de drogado e sem vergonha? - O Policial-2 faz pouco caso de Amaral.

- Sô sim senhor, posso provar. - Responde Amaral

Amaral nesse instante faz um gesto para retirar a carteira profissional que acabara de ser carimbada por Senhor Macedo, para provar que realmente dizia a verdade. Mas infelizmente nem tudo na vida sai do jeito que planejamos.
O que Amaral não sabia era que nesse tão conturbado e violento dia, dezenas de policiais morreram em ataques ou confrontos com membros da facção criminosa auto-denominada PCC. Ele também não sabia que internamente (embora não oficialmente), havia uma recomendação do batalhão da polícia militar, que era de atirar primeiro e perguntar depois, para evitar mais baixas, que já estavam ficando surpreendentemente alarmantes.

Então Amaral faz o gesto para retirar a carteira profissional do bolso de trás da calça. Policial-1 entende que Amaral irá disparar contra eles e antes mesmo de Amaral completar a ação, ele dispara dois tiros no peito de Amaral. O Policial-2 dá mais 3 tiros, logo após ver o companheiro disparar, ele atinge o braço, o figado e o cérebro de Amaral.

Terminado os disparos, Amaral está caído, ensanguentado e morto no beco. Os policiais o revistam e descobrem que ele só tinha uma carteira profissional no bolso. O que fazer agora? Mataram um inocente? Não, não pode ser, eles abrem a carteira dele, acham as fotos da mulher e dos filhos de Amaral e ficam pensando que mataram um trabalhador e pai de família.

Com certeza isso seria o fim da carreira deles. Por isso eles decidem tratar de reverter a situação. Na viatura havia uma arma fria que eles apreenderam de um depósito de mercadorias roubadas, mas que os envolvidos fugiram antes da batida. Resolveram que iriam salvar a reputação deles.
Puseram o defunto no camburão e o retiraram do bairro, afinal, alí alguém o reconheceria e desmentiria a história dos dois.

Levaram-no para um bairro afastado dali.

Colocaram a arma na mão do morto, deram três disparos contra as paredes e retiram do cadáver qualquer documento que pudesse dar uma dica da identificação do sujeito envolvido.

Passava das 01h00 da madrugada e Amaral não chegava. Ana Maria ficava cada vez mais e mais preocupada. Ligou pra casa de Joeilson que afirmou não saber nada sobre amaral, mas que assim que soubessem diria a ela.

Cidade Ademar, São Paulo 13de maio de 2006.

Sem ter dormido a noite toda, Ana Maria perguntou a toda vizinhança se alguém tinha visto seu marido na noite anterior. Mas ninguém sabia de nada, até que sua vizinha traz o jornal com a foto de Amaral estampada na primeira página com a seguinte manchete.


"Criminoso é morto em Santo Amaro, após troca de tiros com policiais"
O rodapé da manchete dizia que o criminoso foi encontrado sem documentos, portanto uma arma ilegal além de alguns papelotes de drogas.

Ana Maria quase teve um colapso naquele momento, gritava, pois doía muito. Seu peito parecia que explodiria de tanta dor. Pensava no que seria de sua vida agora, com 3 filhos pra criar, sem o marido. Tentava entender porque o marido dela estava armado, com drogas e em santo amaro. Desmaiou ali mesmo, no meio da rua. Seu irmão foi chamado para levá-la ao hospital.

Chegando ao hospital ela foi atendida e logo liberada. Pediu a seu irmão que a levasse na delegacia mais próxima para reclamar o corpo do marido e pedir retratação da justiça. Quando entraram na delegacia, pediram para falar com o delegado a respeito do sujeito que foi morto por policiais em Santo Amaro.

O delegado ouviu tudo, disse que apuração caso, mas que infelizmente não poderiam reaver o corpo de Amaral, uma vez que já tinha sido enterrado como indigente, e nesse caso a exumação só seria liberada com pedido judicial.

Ana Maria sentia-se traída pelo sistema, não compreendia como um cidadão que foi toda a vida honesto, acaba sendo morto como um criminoso e enterrado como um indigente.

Ela tenta contatar alguns órgãos de imprensa e também ONG's. Todos prometem ajudar, mas acabado o "frisson" dos ataques do PCC eles simplesmente deixaram ela pra lá.

E agora Ana Maria segue sua vida, só, cuidando de seus filhos, ainda em Cidade Ademar








quinta-feira, 1 de novembro de 2007

O Maior Amor do Mundo













Take me now, baby, here as I am


Hold me close, and try and understand



Desire is hunger is the fire I breathe



Love is a banquet on which we feed



 



 



A Vida tem sido boa para esse senhor!
O Nome dele é Julião, o Seu Julião.
Ele trabalhou a vida inteira no que gostava. 
Era barbeiro da pequena e pacata cidade onde morava.
Tinha uma esposa linda,
com quem já estava casado há mais de 40 anos.

Tinha dois filhos já crescidos, que moravam no exterior.
Tinha também um Labrador de 8 anos de idade,
que era seu fiel companheiro de salão.
Quase não saiu da sua cidade. 
Gostava daquele lugar, era bem aconchegante.
Hoje era terça-feira, como de costume, abriu seu salão,
colocou o "Sancho VI" para dentro.
Eram 08h30 e seu primeiro cliente apareceu.

Era o sr. Esteves, dono da padaria e amigo de longa data.
Pediu o corte de sempre
e enquanto cortava o cabelo do Sr. Esteves,
Seu Julião pediu para encomendar um bolo.
Era aniversário de casamento, 45 anos de união. 
Conversaram e decidiram que depois do expediente
Seu Julião iria passar na padaria para retirar o bolo.
Foi um dia até que movimentado,
muitos clientes e amigos o visitam,
ouvem aquela velha rádio AM da região.
Discutem sobre o time de coração que está na 3ª divisão,
mas que "parece um dos grandes"
e que esse ano sobe para a "Segundona".
No final do dia, Seu Julião, fecha a barbearia,
chama Sancho VI e se dirige a padaria.
Lá encontra sr. Esteves, toma uma cerveja mexicana,
que diga-se de passagem é a única que ele bebe.
E vê seu bolo de comemoração.
Diz para o seu amigo Esteves enviar o bolo pra
"Cantina del Fiori"
Lá o Giuseppe termina os preparativos para a festa.
Todos os amigos de Seu Julião estarão presentes.
Julinha, sua filha,
também vira da espanha para comemorar.
Pedro Henrique, seu filho não pode vir,
mas mandou via correio um presente direto de londres.
Tudo estava acertado, Julinha Traria dona Helvécia,
a esposa do seu Julião e mãe de Julinha e Pedro Henrique,
para a Cantina Del Fiori.
Enquanto isso,
seu Julião ia na Alfaiateria do Messias,
para dar os ultimos acertos em seu terno.
Já estavam todos prontos, e seu Julião,
ancioso por ver sua amada,
não se continha em si de tanta euforia.
Quando Julinha surgiu com dona Helvécia,
logo seu Julião mirou seus olhos naquela mulher
que convivera 45 anos de sua vida.
Olhava sua pele,
já com
rugas e sinais do tempo,
mas com uma aparência de jovialidade de uma alma
que não envelheceu um dia sequer.
Tinha um olhar reservado e alegre ao mesmo tempo,
seu rosto demonstrava que ela tinha a ternura e
inteligência capaz de conquistar
qualquer homem.
Seu andar imponente e decidido,
mostrava que sua idade não havia trazido
tantos danos para sua elegância e sutileza.
Enfim, ele via nela
a mesma jovem com quem havia se casado há 45 cinco anos atrás.
Com a diferença que o tempo foi tão generoso,
que a deixou ainda melhor com o passar desses anos.
E assim, chamando-a para si, seu Julião,
pegou dona Helvécia pelos braços,
deu nela um beijo apaixonado
e foram os dois aplaudidos por amigos e famílias.
Ele concluiu que não tinha nada do que se arrepender,
nada que mudar, nada,
enfim nada que fizesse de diferente
para que chegasse a felicidade.
Afinal, ele era feliz e a vida estava perfeita... 
 

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Os sombras





Minha Flor,
Talvez você fique louca tentando me entender,
Mas prometo que vou tentar facilitar sua vida,
Por isso, aqui está uma pequena análise do que sou,
Até o fim da minha vida eu vou contar tudo... (risos)


Quando eu era menor, até meus 14 anos para ser mais exato, eu era um "sombra".




Isso quase me qualificava como um "sem vida social". Um NERD, magrelo, e timido, tinha tudo para ser o mais zuado da escola.




Mas felizmente eu tinha esperteza. Tal esperteza me garantiu ser um "sombra".




Sombras, são pessoas comuns que passam desapercebidamente entre os outros, o que é bastante util em diversas situações.


Desde avisar amigos de possíveis problemas, até mesmo de escapar ileso em confusões que fogem ao seu controle.




Alguns amigos sabiam dessa minha habilidade e por isso mesmo contavam comigo para algumas coisas, como descobrir o que se passa em um circulo de pessoas que não era afim deles, ou então sondar sobre garotas que eles pretendiam paquerar.




Mas digamos que as vantagens de ser sombra terminam por aqui.




É estranho você ver uma pessoa constantemente e ela chegar para você e dizer:


- Você não é aquele que anda com o Fulano de tal? Já sei, você é o ciclano(diz qualquer nome, menos o seu), não é?!?! Foi bom falar com você, até mais Beltrano (muda o nome, mas continua não sendo o seu), manda um abraço e/ou beijo para Fulano (desse ela não erra o nome mais nem a pau).




E você fica alí, sem entender direito o que aconteceu. Se o seu grupo de amigos é pequeno, é necessário torcer para que nenhum deles falte, porque provavelmente você pode ficar sozinho no meio da multidão.




Daí, você, jovem, timido, ingênuo, fica alí, sozinho, ou com outro amigo, que ou é um "SOMBRA" ou é simplesmente um nerd que é zuado.


Esperando um pedido de algum dos amigos mais populares para que você use suas "habilidades" de sombra, para conseguir algo que eles desejam muito.


E você, como um bom adolescente, aguardando aceitação do grupo, de prontidão realiza tais solicitações, ainda mais sabendo que tais solicitações, na maioria das vezes inclui aproximação das garotas mais belas da escola.




Eu posso dizer que fui um dos melhores sombras que conheci, sabia muito para me manter próximo dos caras mais legais, das garotas mais lindas e também para me manter protegido de encrencas futuras.




Mas quem é deixado de lado por muito tempo, ou cria raiva da situação, ou se acomoda.


Eu nunca fui um comodista, embora as vezes assim pareça.


Quando estava com 15 anos, já estava em outra escola e com novos amigos, que pouco sabiam de tais habilidades minhas.




Como um bom observador, eu sabia como me portar como um "cara legal" ou um dos "mais populares". Coloquei nas sombras meu passado de "um SOMBRA".




Vivia sobre as luzes dos holofotes, argumentava, e criava situações favoráveis a mim, muito diferente do que eu fazia antes.


Me tornei conhecido em minha escola e até mesmo nas escolas vizinhas, andava com o grupo de seletos da escola, era referência e não mais o descartado.


Porém, era vazio, faltava algo.




Talvez a pose seja mais cansativa do que o jogo em si... (analogia as fotos de times campeões antes da partida).




E seguindo esse exemplo que ,no 3º ano, voltei a ser um sombra, mas dessa vez sem me deixar levar pelos encantos de estar com os "mais populares e as mais gostosas".




Agora ainda ando beirando as sombras, mas a luz já bate em minha face me revelando ao mundo. Só continuo beirando as sombras para poder perceber o que se passa sem ser notado pelos outros que tem seu orgulho tão envaidecido que seriam incapazes de perceber minha presença.

Já deu bom dia ao seu cachorro hoje?



Já deu bom dia ao seu cachorro hoje?

Parece até estranho isso, mas fui parado recentemente na rua, quando ia trabalhar, por uma senhora que me perguntou isso.

Fiquei meio perplexo, afinal já tinha ouvido de tudo, se eu já tinha encontrado Deus, se já tinha feito curso disso ou aquilo, se eu me achava capacitado para o mercado de trabalho. Mas essa pergunta foi meio que repentinamente estranha demais.

Respondi que sim, afinal, saio de casa e cumprimento todos, inclusive os cachorros e ademais membros não humanos da residência.

Antigamente era quase meia hora só pra me despedir dos animais, pois havia o Lamburguine, o Pimpão, A Xena Maria, e o Loro (vulgo revoltado).

Tudo bem que eles também merecem atenção, mas e as pessoas?

Porque as pessoas não se dão bom dia umas as outras?

O noivo de uma das minhas primas comentou sobre o fato de que no meu bairro todos que passavam por ele, mesmo sem conhecê-lo, o cumprimentavam.
Eu expliquei que lá, eles cumprimentam porque sabem que, se não te conhecem, conhecem alguém da sua família.

Parece até estranho, mas é uma prática que não é mais tão utilizada nas metrópoles.

Temo o dia em que iremos ser como os norte-americanos e temer a própria sombra.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Minha Flor








Sua alma transborda luz,
Seu cheiro me atrai,
Sua voz me encanta,
Seu sorriso me fascina,
Seu jeito de ser é único,
Não ofende ninguém a não ser,
Aquelas que não conseguem ser tão bela.

- Ué, não rimou! - Diz ela confusa.

- Mas quem disse que toda poesia tem que rimar? - respondi.

- Todo mundo oras! - Responde ela

- Mas eu não sou todo mundo! - Respondi

- É eu sei que você não é todo mundo, mas por que não age como todo mundo e faz um poema com rimas?

- Por acaso você ficaria com qualquer um que fizesse um poema com rimas pra você? - pergunto num tom sério.

- Claro que não! Você sabe que estou com você porque você é diferente dos outros. - responde ela meio encabulada.

- Então, se está comigo porque sou diferente, por que pedir para eu ser igual?

- Deixa de ser chato, você me entendeu, só quero um poema com rimas. - Ela fica um pouco brava, o que deixa seu rosto ainda mais lindo.

- Ah, olha tem uma riminha no final. - Digo isso provocando-a

- Uma riminha só? que coisa mais pobre! desse jeito eu não quero.

- Então você quer um "lusiadas" em sua homenagem?

- Não, só quero que você seja romântico. - Agora ela fez um biquinho de magoada.

- Mas eu não fui romântico só porque não rimei?!?! - Pergunto segurando as mãos dela.

- É foi, mas, não é a mesma coisa. - Agora eu já sei que ela tá fazendo manha.

- Tudo bem minha flor, da próxima vez eu compro um caminhão de rimas tá? - Um pouco de desaforo da minha parte, mas só pra abrir um sorriso no rosto dela.

- Tá bom, mas tem que ser um caminhão com muitas, muitas, muitas e muitas rimas...(risos)

E ficamos ali no sofá, curtindo o resto daquela tarde de domingo.

O Reizinho Valente






A todos os que lutam.

Especialmente para minha amiguinha Camila.
"A coragem é indispensável porque,
em política, não a vida,
mas sim o mundo está em jogo."
Hannah Arendt
Aquela luta durava anos, muitos já tinham perdido suas vidas dos dois lados.
Tudo isso devido a arrogância de seu governante, que foi eleito por voto popular, mas depois que assumiu o posto, começou a agir contra o povo que o elegeu.
Começou com decretos estranhos e sem sentido (aparentemente), mas que posteriormente teriam perfeito encaixe com seus planos. Tratou de infiltrar agentes nos meios de comunicação, escolas, hospitais e todas as repartições públicas.
Seu próximo passo foi infiltrar nas instituições privadas homens de sua inteira confiança e total lealdade a ele. Feito isso, começou a sua ultima jogada, a difamação dos seus rivais políticos.
Semeou calúnias e difamações, criou pequenos boatos e divulgou notas duvidosas para poder minar a credibilidade de todo e qualquer um que pudesse intervir nos seus planos.
Consegui, assim, deixar a maioria da população em um estado letárgico perante aos decretos e mais decretos que foi lançando. Chegou o dia de colocar seus pensamentos de dominação em prática.
O exército foi para as ruas, e começou a fechar escolas, bancos, supermercados, igrejas, hospitais e tudo quanto era lugar que poderia conter pessoas aglutinadas. Foi feito o censo geral da população, colocado chips de localização em cada um dos habitantes.
Os livros e qualquer outro tipo de materiais impressos foram banidos do país, assim como telefonia, radiodifusão e outros meios de comunicação. A única forma de saber sobre o mundo lá fora, era através das notícias transmitidas a cada hora pelos carros de som do governo. Com isso ele pretendia reprimir qualquer tipo de futura resistência ao seu regime totalitário.
Contudo, como Darwin disse: " A vida sempre encontra um jeito, ela se adapta". Da mesma forma podemos dizer da revolta. Não é possível calar a voz de muitos por muito tempo. Logo a população que vivia em uma obediência servil, passou a tomar consciência da necessidade de mudança.
Aprenderam a transmitir suas mensagens na rua através de códigos gestuais, o que os livravam de qualquer comprometimento quando fossem interrogados por oficiais do exército. Começaram a se comunicar com seus vizinhos de apartamentos através de batidas nas paredes, estender de lençóis, os que residiam em residências, faziam o mesmo através do corte da grama, do passeio com o cachorro, ou até mesmo com a forma em que fora colocado o lixo para ser recolhido.
Andavam nas ruas se olhando e cumprimentando, dando os passos para o grande dia da revolução.
E o dia chegou, sem que ao menos o ditador desconfiasse, eles tomaram as ruas de todas as cidades do país e enfrentavam os soldados do exército, conseguiram ganhar nesse dia, mas o número de soldados na rua era infinitamente menor ao dos quartéis, afinal o ditador acreditava que os habitantes já tinham se curvado à sua autoridade.
No dia seguinte, o ditador resolveu mandar um agrupamento para cada uma das principais cidades, deixando as cidades do interior do país em segundo plano. Nas principais cidades o exército fez vários massacres, mas com grandes perdas também. Enquanto isso, as cidades do interior do pais, se uniam, enviando mensageiros entre si, para organizar o levante em direção a capital do país.
Decidiram que a melhor estratégia de guerra, seria recuar para o interior do país, para ganhar tempo e preparar uma estratégia de contra-ataque. Feito isso, o exército logo começou a perseguir os revolucionários do interior, enquanto nas principais cidades a luta persistia e os revolucionários dessa cidade não se deram por vencidos, embora não ganhassem todas as batalhas, atrasavam ou comprometiam seriamente batalhões e destacamentos inteiros do exército do ditador.
Após todos os grupos de revolucionários do interior se unir quase na divisa com o país resolveram marchar em direção a capital. Com intuito de destituir o então presidente e ditador. O exército do ditador, que não esperava por emboscadas, estava bastante comprometido naquela altura, já havia se passado dois anos, e eles tiveram grandes problemas para cruzar o interior do país. Muitos integrantes do exército dos resistentes, ficaram a espreita do exército, fazendo tocaias, armadilhas e ataques furtivos durante as madrugadas.
E no meio do caminho, a força principal do exército viu-se cercada pelos revolucionários do interior que agora marchavam em direção a eles e também dos revolucionários das grandes cidades, que enfim venceram e iam se juntar aos outros para aumentar o grupo. Nesse embate ouve tantas perdas para os revolucionários, que em outras ocasiões eles desistiriam ali e esperariam pacientemente serem esmagados pelo que sobrava do exército, que se encontrava ainda na capital.
Porém, eles corajosamente prosseguiram em direção à capital. Prontos para que sua liberdade fosse-lhes concedida, não importando o quanto isso custaria. O ditador foi várias vezes avisado por alguns conselheiros para que saísse do posto, sem que esse desse qualquer tipo de atenção aos avisos.
Finalmente o exército revolucionário chegou aos arredores da cidade, todos cansados, feridos e receosos. Contudo, a sua vontade de vencer era mais eminente que qualquer medo que os afligia.
Pouco a pouco foram tomando a cidade, com muitas baixas dos dois lados, mas sem perder por nenhum segundo o seu ímpeto de um guerreiro glorioso. Cada vez mais perto de atingir seus objetivos os combatentes de animavam e se apoiavam uns aos outros, até que chegaram na ultima das muralhas, o palácio do governo.
Chegando em fronte do palácio viram um grande avião decolando. Era o ditador, e seus assessores que estavam fugindo do país. Tão covarde era o homem a quem eles se revoltaram, que nem teve a coragem de enfrentar seus inimigos, assim como fez todos aqueles batalhões que ele enviou para protegê-lo.
Finalmente a liberdade! Agora vêm o mais difícil, a reconstrução da identidade.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Pessoas


Sete horas da manhã de um Domingo nublado,

Não sei porque, mas já estou acordado e não tenho sono.

Na varanda do meu apartamento vejo a praia.


Este é um fim de semana atípico, a praia está vazia, não tem muitos turistas, somente alguns poucos moradores que sempre acordam cedo para fazer seus exercícios matinais.

Fico aqui, da varanda, a observar as pessoas passando na rua.

Trabalho em um escritório cheio de aparatos de informática e quase não tenho contato com as pessoas.

Digo isso pois dirijo meu carro sempre sem nenhuma companhia durante a semana, quando chego em casa falo o menos possível com minha mulher, nossa relação já está complicada faz um bom tempo.

Na verdade acho que ela tem um amante, mas creio que ela deve pensar o mesmo de mim, então não conversamos para evitar um desgaste maior.

Final de semana fico em casa, jogando, comprando e me relacionando pela internet. Acho que o mundo virtual tem me trazido mais atrativos do que o mundo real ultimanente, e isso é muito perigoso.


É, já são 7h52min, ainda estou aqui na varanda, com a calça do pijama, uma Havaianas® velha, sem camisa e debruçado no parapeito observando as pessoas.

Agora já há mais pessoas do que no começo da manhã.


Alguns surfistas começaram a se preparar para tentar pegar alguma onda, casais de idosos caminham tranquilamente sobre o calçadão, ciclistas passeiam pela ciclovia.


Acabou de passar uma viatura da polícia apressada com a sirene e os faróis ligados. O que será que aconteceu? tão cedo?

Agora tem uma criança com um cachorro. Muito bonito o cachorro por sinal.

Tem uma menininha andando de patins na ciclovia, uns banhistas, um vendedor de sorvete ( realmente eu não entendo, a essa hora e com esse tempo? vai ficar no prejuízo hoje).

Nossa, já são 8h23min, preciso comprar pão e leite.

Tenho que descer pra ir até a padaria.

Mas nesse "tempinho mais ou menos"?!?!

Melhor eu ligar para padaria e encomedar as coisas e pedir para que entreguem aqui.

Agora, se me dão licença, vou até meu computador, falar com meus amigos virtuais de Okinawa que devem estar me esperando para discutirmos sobre Tibia.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Esperança


Essa é uma história real!

"Pelo menos oito nações africanas se vêem envolvidas em litígios.

Há 200.000 crianças enredadas em lutas e o território está coberto

por mais de 18 milhões de minas terrestres que,

camufladas, explodem mesmo em tempo de paz e mutilam milhares de pessoas.

A população africana está se transformando num exército de subnutridos e aleijados.

Estradas, pontes e praticamente toda a infra-estrutura dos países estão destruídas.

Pelo menos 3,5 milhões de pessoas se encontram fora de casa,

fugindo das guerras ou em busca de trabalho."


E é com esses dados que começo essa postagem.

Lembro-me que uma vez estava a assistir um programa da Rede Cultura de TV há cerca de 3 anos e vi uma matéria que me deixou profundamente marcado.


A repórter da emissora foi na época acompanhar um grupo de crianças dos países desenvolvidos que junto com as crianças que viviam em situação de risco nos paises subdesenvolvidos participavam de um projeto que se não me falha a memória se chamava: "Crianças do Mundo pela PAZ".


Haviam várias crianças em situação de risco que com 9 a 15 anos de idade já passaram por mais coisas que uma patricinha de 30. Alguns foram explorados em trabalhos degradantes, ou vendidos como escravo pelos seus familiares.


Mas havia uma menina, vinda da africa, que mais chamava a atenção da repórter. Chavama a atenção por andar toda coberta e por falar muito pouco ou quase nada.

Quem acompanhava essa menina era uma freira, que já foi indicada para o Nobel da paz pelos trabalhos humanitários realizados no continente africano.


A repórter finalmente chegou no momento de perguntar para a Freira qual era a história da menina. A freira se encontrava no jardim do hotel onde estavam hospedados e as crianças brincando próximas a equipe de tv.


Primeiro a freira explicou que no país da menina existe uma guerra entre tribos que já dura mais de 40 anos. E que por isso muitas atrocidades foram comeditas nesse periodo e que também por isso a menina que estava ali era orfã.


Agora vou descrever o que foi dito a reporter:




" Eles (a outra tribo) chegaram na aldeia da menina com jipes, cavalos e caminhões.

Armados de pistolas, espingardas, foices e facões.

A aldeia estava com poucos homens e os que lá estavam logo foram mortos pelos agressores. Em pouco tempo já tinham dominado toda a aldeia.

Chegaram na casa dela, mataram seus irmãos mais velhos com tiros, violentaram sua mãe e ela. Depois surraram as duas, retiraram os orgãos genitais delas, deram mais uma surra, dessa vez com os facões desembainhados.

Não contentes urinaram nelas, e por fim despejaram querosene em todas as casas da aldeia e atearam fogo com as mulheres ainda vivas lá dentro.

Eu cheguei algumas horas depois, pois eu e meus companheiros de luta fomos avisados que os agressores dirigiam-se até aquela aldeia.

Quando cheguei lá, encontrei-a totalmente despida, toda ensangüentada, caída no chão, desacordada, com queimaduras em mais de 60% do corpo.

Levei-a para o hospital e aguardei cerca de 2 semanas até que percebi que ela melhorava e que não iria morrer.

Hoje ela está viva,felizmente. Mas, não desejo para ninguém o que essa menina sofreu.

Mas infelizmente essa é uma dura verdade que está muito longe de se extingüir."



Quando a freira terminou a narrativa, a repórter pediu um momento e foi tentar se re-estabelecer, pois naquele momento as lágrimas literalmente lavavam seu rosto.


Enquanto a Repórter chorava, a menina, cuja a freira acabara de contar a história de vida, aproximou-se da Repórter e perguntou:


- Por que choras? - com a mais pura singeleza.


- Choro por tudo o que você passou! - Responde a repórter, ainda soluçando e acariciando a face da menina.


- Não fique assim! Veja, agora estou bem! - Responde a menina para a reporter, mostrando um sorriso que alegraria qualquer coração.


Então a repórter beijou a testa da menina, e prometeu que ficaria feliz, afinal a menina estava viva e, segundo a própria menina, era isso o que importava.



domingo, 7 de outubro de 2007

O Re-erguer do Cavaleiro


O mundo há muito já não é mais o mesmo.

As pessoas não sonham mais.

Elas vivem uma sucessão de acontecimentos rotineiros.

As coisas, finalmente, tornaram-se mais importantes que as pessoas.

Mata-se para se conseguir o que quer.

A população não liga mais pra si mesma.

Maltratam-se uns aos outros, e vivem infelizes e a reclamar.

Tudo isso porque ele desistiu de sua missão.

Mas quem é ele? Vocês perguntam, sem saber ao certo do que se trata.

Ele era o cavaleiro de bons modos.

Aquele que tinha o dom de "Conectar-se aos corações alheios".


Sua vontade de ajudar era tão grande que parecia invencível.

Mas, surpreendentemente, ele foi vencido.

Vencido pela arrogância do mundo.

Essa arrogância levara as pessoas a acreditarem que sonhar era perda de tempo.

Que boas ações, desprovidas de qualquer interesse, eram inúteis.

Que o próximo não podia ser mais do que um adversário a ser enfrentado.

E então, um dia, ele sucumbiu em sua Jornada e se retirou da batalha.

Seu esconderijo era a sua decepção com o mundo. Isolou-se dentro de si mesmo.

Não podia mais ser chamado pelo nome que lhe foi dado.

Mas algo estava prestes a acontecer.

Ainda havia muita pureza no mundo, mesmo que o cavaleiro não a sentisse.

Mas o acaso é cheio de truques para se fazer notado.

Durante uma das peregrinações de desolamento do cavaleiro, ele passou por uma jovem na estrada.

Essa jovem o reconheceu. Ele, como já havera feito antes, dissera que a moça tinha se confundido.

Mas essa o conhecia bem, pois ele já havera se usado suas habilidades com ela.

Ela não aceitou aquela desculpa, e o agradeceu.

Disse que graças aos feitos dele, ela pode ajudar os outros.

Ela abriu um sorriso. E com esse sorriso, ele viu que estava sendo um tolo por desistir.

Seu coração havia recebido novo ânimo para proseguir.

E então ele abriu sua mala.

Nela havia a sua armadura.

Ele a trajou novamente, agradeçeu a jovem, dizendo que naquele momento ela tinha salvado-o.

Fazendo isso, pois-se a combater novamente.

E agora luta, luta por um mundo melhor, mais justo e com sonhos.


Eis, senhoras e senhores, o Guardião dos Sonhos.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

A Bailarina

Era mais uma vez que eu ia naquele lugar.

No fundo eu nem gostava muito de ir lá. Mas, enfim, uma de minhas primas me convidou e eu já estava querendo sair um pouco mesmo.

Mas aquele nunca fui meu lugar. Não me sinto muito a vontade, a não ser que vá acompanhado de meus amigos. E minha prima pode até ser bem intencionada, mas não é uma companhia muito dedicada. Também havia a amiga dela, mas era quase como se não houvesse.

A noite seguia, enquanto eu tratava de me entrertir de duas formas: uma era bebendo e outra era vendo os outros dançarem.

Não necessariamente os outros, mas sim as outras. E uma dançarina em especial me chamava a atenção. Não por ser a mais bela, ou por estar se insinuando para mim (que não seria nada mal caso fosse por isso). Mas o motivo que me chamava atenção era a sua dança.

Dançava sem pretenções, sem limites de espaço e como se as músicas fossem tocadas especialmente para que ela pudesse dançar. E ela dançava, dançava com entusiásmo de uma criança que recebeu o presente que esperou o ano todo.

E eu alí, hipnotizado, totalmente imobilizado por aquela dança. Se ela fosse meu carrasco, eu não teria maneiras de resistir, nem ao menos perceberia meu fim. Se fosse um inimigo, aniquilaria-me sem que eu desse conta do que se passou.

A noite acabou, a bailarina se foi, e eu voltei para meu mundo. Mas por um momento, eu me entreguei ao mundo dela. Onde não havia preocupações, medos, dor, fome. Só havia música e dança.

Definitivamente é um mundo que não me pertence e que muito menos eu pertenço a ele...


Assopro, Tapinha lateral e Durepox®

Foi-se o tempo em que essas três coisas davam jeito em qualquer problema do lar.
Quem teve um Atari® sabia que para resolver mal contato da fita, nada melhor que dar uma bela "assoprada" no encaixe dela, para depois jogar seu River Raid ou o PACMAN sem problemas.
Já a televisão com listras verticais ou horizontais, o rádio chiando, a máquina de lavar que desligava sozinha e no meio da pilha de roupa pra lavar, pra esses casos, um belo "Tapinha lateral" e tudo resolvido.

E quando quebrava uma peça do armário da cozinha, soltava o fio do ferro de passar, descolava a sola do sapato novinho, estourava o cano da torneira? Ah, nesse caso, passa Durepox®. E se não tiver em casa, corre no mercadinho do seu Joaquim e pede pra por na conta.

Agora, quando o problema é nosso coração? Tem como assoprar pra ver se é mal contato? Ou então dá pra dar um Tapinha lateral, de leve, só pra ver se ele funciona normal? Ou será que já existe um Durepox® que cole um coração partido?


segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Os Refugiados


Domingo, durante a tarde.


Ando pelo meu bairro e vejo pessoas com portas, janelas, móveis, fios e portões andando pelas ruas.

Eu não me surpreendo. Afinal, o prazo que lhes foi dado acaba nessa quarta. E quando acabar o prazo, o trator não vai querer saber quem está ou não com a mudança concluída, simplesmente vai passar por cima.


E lá vai essa gente, arrancando tudo, deixando só as paredes, porquê não é possível carregá-las e depois montá-las em outro lugar (mas se fosse possível, não duvide de que não fariam isso).
Levando em caminhões, carros de mudanças, carrinhos de mão, na cabeça, nas costas.
Tudo porque o Rodoanel vai passar, e não pode ter favelas do lado de um empreendimento bilionário do Governo.
Pra Onde Vão essas pessoas? que nasceram e cresceram naquele bairro? Ele que teêm família, amigos, e laços afetivos com aquele lugar?
Isso não importa pro governo, Pagam uma quantia relativa ao valor venal do imóvel e uma indenização, ou então constroem uma casa bem longe dali.
Até que um dia, resolvam que o lugar onde eles estão morando não pode mais ser deles, daí vem o trator de novo.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

e foi pra sempre que nunca mais fiz...

O nome dele era Jonas.
Ele era um cara tímido.
Não tinha muitos amigos.
E com certeza não era o mais bonito da escola.



Eu estudava com ele na mesma classe, mas nunca falei mais do que um "OI" durante os dois anos que estamos juntos. Ele era fechado na dele, vivia estudando, só fazia educação física na escola para não tirar notas baixas, mas não era o que ele gostava. Gostava de livros, de poesias e de músicas que eu nem conhecia.

Meu nome é Pedro.

Eu era um dos caras mais populares da escola, era do fundão, jogava basquete e era o capitão do time da escola, que era campeão há cinco anos consecutivos, sendo que nesses dois últimos anos eu joguei, sendo capitão logo no segundo ano. Também tinha uma banda de Reggae e forró universitário. Andava com os melhores da escola e com as mais gostosas.

Inclusive, eu estava ficando com Samanta, uma das mais gostosas da escola. Ela era caidinha por mim. E eu sabia disso, e por isso mesmo fazia dela de "gato-e-sapato".

Mas as coisas mudam, e tudo na minha vida começou a mudar quando uma garota veio para nossa classe (minha, do Jonas e da Samanta). O nome dela era Letícia.

Letícia veio de outro estado com os pais, mas já tinha morado na nossa cidade até os 7 anos. Ela chegou quase no meio do ano, estavamos no fim de maio quando ela chegou. Logo que chegou, eu e meus companheiros de Fundão, Augusto, Murilo e Patrick, a recebemos, já que era esse o nosso papel, afinal eramos os "bam-bam-bam" do colégio.

Letícia era diferente de todas as garotas que eu tinha conhecido e/ou ficado até ali. Não era fútil com Samanta, tinha conhecimentos diversos em diversas áreas. Sabia de Política, culinária, música (mais do que eu), gostava de ler e de escrever contos e poesias. Resumindo, eu precisava ter aquela garota.

Antes de prosseguir, tenho que fazer a descrição da aparência de Letícia. Ela tinha a pele clara de quem não costuma ir a praia todo o mês, ou até mesmo de sair em dias ensolarados na cidade mesmo. Seus cabelos eram pretos e com um corte bem curtinho, mas que nela davam um ar de sensualidade incrível ao mostrar seu colo desnudo.

E finalmente, seu aspecto físico não era como o de Samanta. Samanta tinha seios fartos, boca carnuda, pernas bem torneadas, e malhava. Já Letícia, era magra, mas nem por isso menos atraente. Todo seu corpo exalava uma sensualidade inexplicável e iniqualável. Seu jeito de andar, de falar, de sentar, tudo enfim, me seduzia e me hipnotizava.

Como eu já disse: Eu tinha que ter essa garota pra mim!!!

Logo comecei a sentar do lado dela, a fazer trabalhos com ela, ir pro intervalo com ela e chamei-a para sair algumas vezes, mas sempre com recusas por parte dela.

Samanta logo sentiu ciúmes e perguntou o que eu estava fazendo. Eu simplesmente disse que estava terminando com ela. Virei as costas e não olhei para trás. Só pensava agora em como ter Letícia.

Vieram as férias de julho e com isso tive que me distanciar um pouco dos meus planos, já que todos os anos eu passava as férias de meio de ano no sitio dos meus avós.

Porém, quando voltaram as aulas e eu ia começar a intensificar minha investida em Letícia, algo de estranho aconteceu. Descubro que Jonas e Letícia estão namorando.

Isso era inconscebível, não era verdade ou pelo menos não deveria ser. Como isso aconteceu? Jonas, o tonto, tomar de mim a garota que eu ia ter ?!?!? Havia algo de errado. E logo isso seria resolvido.

Algo de ruim e perverso começou a se apoderar de meu ser. Vivia maquinando uma vingança contra aquele MAGRELA que roubou a minha Letícia de mim. Ele iria pagar caro por isso. E ela... ah minha linda Letícia... ela um dia seria minha.

Estavamos já em Setembro, quando a Diretora passou em nossa classe para avisar que no fim do mês haveria a festa da primavera. Pensei comigo mesmo que seria nessa festa que meus planos iriam se concretizar. Mas até lá faltava muito tempo e para um coração amargurado, cada segundo é uma eternidade. Precisava me vingar aos poucos de Jonas. Sempre que Jonas passava pelos corredores, Augusto, Murilo, Patrick e eu esbarravamos nele, fazendo com que os seus materiais caissem, e depois chutavamo-os e saiamos rindo da situação. Faziamos com que todas as aulas de educação física fossem uma via sacra para Jonas.

Nesse meio tempo, finalmente chegou a festa da Primavera. Eu já tinha o plano. Murilo e Patrick chegariam para Jonas e pediriam para ele ir para os fundos da escola e que tinham um assunto importante para falar. Ele, apesar de todas as ameaças e agressões veladas sofridas, não desconfiava de nada. E assim o plano foi seguindo conforme o planejado. Enquanto isso eu e Augusto esperávamos os outros três no lugar previamente combinado. Ao chegar lá, Jonas ficou espantado ao meu ver, e eu já fui logo dizendo :

- Você roubou uma coisa que me pertencia!

- Não sei do que está falando?!?! - Disse ele num tom de desprezo.

- Claro que sabe! Eu tô falando da Letícia!!! - Falei em um tom já um pouco mais alto do que o normal.

- Cara, se toca! Ela não é de ninguém! Não é minha, muito menos sua!

- Então, quer dizer que vocês não namoram? - Perguntei em tom de escracho.

- Namoramos sim! Mas isso não faz com que ela seja minha ou vice e versa! - Explicou ele, já um pouco com raiva da situação, já que os outros três presentes faziam uma parede humana que o empedia de sair.

-Ah, então você admite que roubou ela de mim. Agora só quero que você prometa que vai sair da vida dela e deixar o caminho livre pra mim, ou se não... - Fiz tal intimidação na maior seriedade e frieza que era permitida a um ser humano.

- Se não o quê? acha que tenho medo? - Ele me olhou com um olhar tão desafiador, que por um instante cheguei a recuar do pensamento de vingança, mas já era tarde...

- Se não isso... - E antes de terminar já tinha dado um murro na cara dele.

Nos cinco minutos seguintes ocorre uma cena em que eu com violência exagerada, socava, esmurrava e chutava Jonas, enquanto ele somente se defendia do jeito que conseguia, mas sem por um momento reagir.

Eis que durante esse acontecimento escuto uma voz a me chamar. Eu reconheci a voz e toda minh'alma tremeu. Era a voz de Letícia, que ao ver jonas quase desmaiado no chão, gritou meu nome e pediu que eu parasse.

De prontidão atendi seu pedido, afinal, ela exercia uma grande força sobre mim. Logo que eu parei ela correu até Jonas e perguntou como ele estava. Ele disse que estava bem e que eu não ia conseguir machucá-lo. O pior é que aquele sujeitinho disse uma grande verdade para ela, ele disse que não reagiu, porque naquela batalha, eu era o grande perdedor desde o começo. Assim que ela ouviu essas palavras vindas da boca de Jonas, Letícia olhou para mim e disse:

- Escuta aqui! Não sei o que você estava achando, mas já percebi há algum tempo que você estava marcando pesado em cima do Jonas. Que foi? o bebê não conseguiu o brinquedo que queria e agora tá fazendo birra? Ou você acha que é o dono detodas as garotas da escola e que você pode usá-las apenas quando quer? Ou você acha que não lembro do que você fez com a pobre da Samanta, que teve até que pedir transferência da escola, de tão arrasada que ficou?

Além do mais, - Continuou ela - eu gosto é do Jonas e não tem nada que você fizesse para mudar tal situação. Sabe eu, no começo, até te considerava um cara legal. Meio pretencioso e exibido, mas legal. Agora nem isso.

Se me dão licença - Disse ela aos outros que comigo estavam- Eu e MEU NAMORADO vamos sair daqui. Mas não se preocupem, não vamos dizer nada aos nossos pais ou aos professores. E espero que não tenhamos mais problemas com vocês daqui pra frente.

E os dois sairam dali, se beijando e rindo. E eu, com cara de paisagem, só podia observar os dois se distanciando. Augusto aproximou-se de mim e disse: Ele teve uma lição que nunca mais vai esquecer, hein Pedro?!

Mas, Augusto estava errado. Eu tive uma lição que jamais esquecerei.

Aqueles dois continuaram namorando até se formar. Eu, continuei sendo capitão do time de basquete e cantando na minha banda. Na semana seguinte, liguei para Samanta pedindo desculpas por tê-la usada, ela me mandou ir caçar coquinhos e nunca mais voltou a falar comigo. Os Três, Augusto, Murilo e Patrick foram presos na viagem de férias da formatura, pois agrediram um funcionário de um hotel, somente porque ele havia derramado cerveja em um deles.

E eu, bom, eu passei a respeitar as pessoas. No começo quem me via dizia que eu estava chato, ou que eu estava deprimido, mas na verdade sentia tanta vergonha dentro de mim, que só podia ficar quieto. Até que no dia da Formatura Letícia e Jonas chegaram em mim, me abraçaram e me disseram que me perdoavam. Eu comecei a soluçar e a chorar. Não merecia aquilo, mesmo assim eles faziam. Me chamaram de amigo e disseram que seria importante que nossa amizade continuasse.

Hoje, eu to firme com a banda, que não toca mais forró universitário, e mistura além de Reggae, outras tendências. Não jogo mais basquete, pelo menos não com intuíto de competir. E o principal, tenho dois amigos verdadeiros: Jonas e Letícia.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

A bronca



Um Fato Real...

Ano passado eu estava de férias forçadas (fui demitido). Resolvi então passar uns dia em Osasco na casa dos meus irmãos.
Eis que em um desses dias, bem pra ser mais exato, em uma dessas noites eu fui para a rua um pouco para fazer umas coisas, e voltei correndo porque tinha começado a chover forte.
Quando entro no quintal da casa dos meus irmãos tenho que descer para ir até a porta.
Na descida, o chão é de Ardósia, isso torna muito escorregadia.
Resumindo, a cena era essa: Chão escorregadio, noite escura, eu ensopado, e um chinelo havaianas...
Resultados: um tombo com as costas ao chão, arranhões e machucados em toda as minhas costas.
O pior é que naquele dia eu tinha combinado com uma amiga minha de ir na casa dela para assistir um filme com uns amigos. Fazia muito tempo que não a via, e não podia deixar de ir, mas minhas costas doíam muito.Resolvi fazer um curativo a lá qualquer coisa, tenho uma certa resistência em consultar doutores (não é medo de injeção... é respeito...rs).
Feito meu "curativo" fui até a casa de minha amiga. Chegando lá, ela reparou que eu estava meio desconfortado ao sentar e com uma cara um pouco que de agonia. Expliquei para ela o que tinha acontecido.
Ela, como uma ótima amiga e neta de uma enfermeira, me fez um curativo de verdade.
Depois da queda, acho que voltei para casa em no máximo dois dias.
Penso que tenha sido nesse período porque os machucados não tinham cicatrizado.

Pois bem. Em um fim de semana, estava eu na minha casa, lavando louça, e chega uma tia minha com minha sobrinha Beatriz de apenas 4 anos de idade na época.
Enquanto eu lavava a louça, minha sobrinha ficava ao meu lado brincando comigo, e ela me deu um esbarrão nas costas. Quando ela deu o esbarrão, eu gritei de dor.
Ela perguntou porque eu estava daquele jeito.Eu falei que tinha caído e mostrei minhas costas para ela.
Imediatamente veio um pequeno sermão que tentarei transpor com as exatas palavras dela.
- Que foi Padrrrrinho? - Ela é minha afilhada e puxa o "R" ao pronunciar as palavras.
- Eu cai Bia, lá na casa do Tio Luckas e do Tio Thadeu! - Respondo a pergunta com calma.
- Senta alí na mesa, dexover(precisa traduzir?)... aí padrrrinho tá doendo?
- Ah, tá sim, mas é pouquinho.
- Mas padrrrinho, como você foi fazer uma coisa dessas, já falei que não é pra ficar correndo que você se machuca.
- Mas Bia, eu não corri, eu tava andando na chuva e cai!
- U que? andando na chuva? você não tem verrrgonha não? depois fica doente e a madrrrinha vai ter que te dar injeção.
Obs: A Madrinha é a minha e não a dela, mas de tanto ouvir eu a chamando de madrinha, ela também chama.
- Mas bia, eu...
Não me deixa concluir.
- Mas nada! Padrrrinho, que coisa feia.
Num é mais prra fazerrr issu viu?- Tá bom Bia.

Moral de História, olhem por ande andam! E não tenham uma sobrinha mais inteligente que vocês!