terça-feira, 9 de outubro de 2007

Esperança


Essa é uma história real!

"Pelo menos oito nações africanas se vêem envolvidas em litígios.

Há 200.000 crianças enredadas em lutas e o território está coberto

por mais de 18 milhões de minas terrestres que,

camufladas, explodem mesmo em tempo de paz e mutilam milhares de pessoas.

A população africana está se transformando num exército de subnutridos e aleijados.

Estradas, pontes e praticamente toda a infra-estrutura dos países estão destruídas.

Pelo menos 3,5 milhões de pessoas se encontram fora de casa,

fugindo das guerras ou em busca de trabalho."


E é com esses dados que começo essa postagem.

Lembro-me que uma vez estava a assistir um programa da Rede Cultura de TV há cerca de 3 anos e vi uma matéria que me deixou profundamente marcado.


A repórter da emissora foi na época acompanhar um grupo de crianças dos países desenvolvidos que junto com as crianças que viviam em situação de risco nos paises subdesenvolvidos participavam de um projeto que se não me falha a memória se chamava: "Crianças do Mundo pela PAZ".


Haviam várias crianças em situação de risco que com 9 a 15 anos de idade já passaram por mais coisas que uma patricinha de 30. Alguns foram explorados em trabalhos degradantes, ou vendidos como escravo pelos seus familiares.


Mas havia uma menina, vinda da africa, que mais chamava a atenção da repórter. Chavama a atenção por andar toda coberta e por falar muito pouco ou quase nada.

Quem acompanhava essa menina era uma freira, que já foi indicada para o Nobel da paz pelos trabalhos humanitários realizados no continente africano.


A repórter finalmente chegou no momento de perguntar para a Freira qual era a história da menina. A freira se encontrava no jardim do hotel onde estavam hospedados e as crianças brincando próximas a equipe de tv.


Primeiro a freira explicou que no país da menina existe uma guerra entre tribos que já dura mais de 40 anos. E que por isso muitas atrocidades foram comeditas nesse periodo e que também por isso a menina que estava ali era orfã.


Agora vou descrever o que foi dito a reporter:




" Eles (a outra tribo) chegaram na aldeia da menina com jipes, cavalos e caminhões.

Armados de pistolas, espingardas, foices e facões.

A aldeia estava com poucos homens e os que lá estavam logo foram mortos pelos agressores. Em pouco tempo já tinham dominado toda a aldeia.

Chegaram na casa dela, mataram seus irmãos mais velhos com tiros, violentaram sua mãe e ela. Depois surraram as duas, retiraram os orgãos genitais delas, deram mais uma surra, dessa vez com os facões desembainhados.

Não contentes urinaram nelas, e por fim despejaram querosene em todas as casas da aldeia e atearam fogo com as mulheres ainda vivas lá dentro.

Eu cheguei algumas horas depois, pois eu e meus companheiros de luta fomos avisados que os agressores dirigiam-se até aquela aldeia.

Quando cheguei lá, encontrei-a totalmente despida, toda ensangüentada, caída no chão, desacordada, com queimaduras em mais de 60% do corpo.

Levei-a para o hospital e aguardei cerca de 2 semanas até que percebi que ela melhorava e que não iria morrer.

Hoje ela está viva,felizmente. Mas, não desejo para ninguém o que essa menina sofreu.

Mas infelizmente essa é uma dura verdade que está muito longe de se extingüir."



Quando a freira terminou a narrativa, a repórter pediu um momento e foi tentar se re-estabelecer, pois naquele momento as lágrimas literalmente lavavam seu rosto.


Enquanto a Repórter chorava, a menina, cuja a freira acabara de contar a história de vida, aproximou-se da Repórter e perguntou:


- Por que choras? - com a mais pura singeleza.


- Choro por tudo o que você passou! - Responde a repórter, ainda soluçando e acariciando a face da menina.


- Não fique assim! Veja, agora estou bem! - Responde a menina para a reporter, mostrando um sorriso que alegraria qualquer coração.


Então a repórter beijou a testa da menina, e prometeu que ficaria feliz, afinal a menina estava viva e, segundo a própria menina, era isso o que importava.



Um comentário:

Anônimo disse...

Tem gente que nasce guerreiro mesmo, como essa guria.
É triste ver a situação dos tantos países africanos que passam por isso, tantas crianças que não tem garantia alguma para o futuro.
E a gente ainda reclama da vida